HOMENAGEM


 

VIDA E OBRA DE
CARMEM FOSSARI!


 

A vida teatral de Florianópolis e, mais especificamente do fazer teatral da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina se misturam com a de Carmem Fossari! Ainda hoje, dentro da sala de espetáculos do Teatro da UFSC – agora, merecidamente intitulado Teatro Carmem Fossari, há vestígios da estrutura em madeira que ampliaria o palco, já existente, para a reestreia da peça “Einstein”, prevista para 2020. Essa reforma no palco foi bancada com recursos da própria diretora, pois na época a universidade não possuía recursos para tais despesas. Porém, os caminhos da vida nem sempre levam às nossas espectativas. Dois eventos, que o ser humano não tem controle impediram o seu plano: a pandemia da Covid-19 e o inesperado infarto que levou sua passagem para a outra vida.

Carmem Lúcia Fossari nasceu na capital catarinense, em 1955. Filha do pintor, desenhista e ilustrador Domingos Fossari e de Irene Maria Belli Fossari. Graduou-se em Letras, com habilitação em Português e Inglês, fez Mestrado em Literatura e Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Porém, desde a sua entrada como servidora da Universidade Federal de Santa Catarina, ano de 1979, o teatro tomou grande importância em seus dias. Das coincidências da vida, neste mesmo ano foi inaugurado o Teatro da UFSC. Fruto da grande articulação da artista para a transformação do antigo salão da paróquia em sala de espetáculos. Coordenou e foi professora da Oficina Permanente de Teatro da UFSC, fundou e dirigiu o Grupo de Pesquisa Teatro Novo. Neste interim, dirigiu e produziu mais de 60 peças teatrais. Artista engajada, encenou Lisístrata ou A greve do Sexo, no TAC – Teatro Alvaro de Carvalho, à portas fechadas durante o período da Ditadura civil-militar brasileira. Mas, sua marca não permaneceu apenas na cidade de Florianópolis: atravessou fronteiras. Junto com seu grupo de teatro saiu do Estado e chegou a quase todo o Brasil. Integrou o Circuito Latino Americano de Teatro e chegou a países como: Argentina, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Porto Rico, Portugal, Suécia e Uruguai. Destacou-se ainda como poeta e dramaturga. Por duas vezes participou da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a primeira no ano de 2012, com Lua Palavra Nua e, a segunda em 2018, com Luz em Einstein. Seus textos alçaram vôo e alcançaram leitores em Portugal, Espanha, França e México.

Desde 1977, recebeu ao menos 15 prêmios, entre eles a Medalha Cruz e Sousa – maior honraria da área cultural em Santa Catarina e o Prêmio Isnard Azevedo, da Fundação Franklin Cascaes, ambos em 2018. Em 2011 foi empossada na Academia Catarinense de Letras e Artes (ACLA) e apresentou a peça de máscaras Sonhos, na primeira edição do FITA – Festival Internacional de Teatro de Animação, em 2007.

A única certeza de que temos é que ela foi uma artista à frente de seu tempo. E a homenagem que prestamos a ela, na presente Mostra de Rua FITA é uma forma de reconhecer o seu trabalho. Reconhecimneto este que pode levar à existência de outros artistas com gana pela arte, assim como “Carmencita” foi.

Assim, que o período de reabertura do Teatro Carmem Fossari chegar, somos crentes de que “ela” estará lá, olhando por nós, comemorando a retomada da sala que ela ajudou a transfomormar! As cortinas do teatro se abrirão para receber outras peças, novos e conhecidos artistas e, um ponto essencial para o teatro: o público! Evoé!